- As coisas estão mudando! As pessoas estão mudando, e o
mundo está em transformação. Eu tenho certeza!
Eu estava exaltada, tentando argumentar com a minha irmã
sobre o meu ponto de vista. Estávamos sentadas na cama, durante o feriado, discutindo
sobre novos “modelos de vida”. Cada uma com o seu gadget, ela assistindo Netflix, e eu rolando as atualizações pelo
Facebook. Quando quase desistindo da briga, sem mais subsídios, me deparei com
o texto do Gustavo Tanaka intitulado “Há algo grandioso acontecendo no mundo”. Parei e
li tudo, do início ao fim, sem piscar.
Ali estavam descritas todas as mudanças que eu percebo
acontecendo no mundo, e ainda com uma mensagem “de esperança” para aqueles como
eu, acreditam que é possível mudar.
Me senti acolhida, senti que não estava mais sozinha nessa.
Me enchi de entusiasmo, e desde então venho pensando em cada um dos motivos
explanados tão bem pelo Gustavo.
Deve haver solução! Tantas pessoas querendo mudar...
E num exercício de reflexão cheguei a algumas soluções para
cada um dos itens abordados. E é claro que existem milhares de caminhos,
possibilidades e saídas. Aqui estão somente as que eu acredito que poderiam dar
certo.
Sim, o mundo está se transformando! E o que eu posso fazer?
1)
Ninguém aguenta mais o modelo de emprego.
Nem eu!
Nos venderam a ideia de que
sucesso profissional era alcançado com um cargo de chefia, com um bom salário,
inúmeras responsabilidades, sendo importante para a empresa e com pouco tempo
para a vida pessoal. Esse sucesso era necessário para sustentar a nossa
“família Doriana” com todos os luxos que ela merece. Chegamos ao extremo do “trabalho
por dinheiro”.
Acontece que os modelos de
família estão mudando, e jovens como eu, na casa dos 30, não têm uma família
com três filhos sentados à mesa no café da manhã. Então, trabalhar somente por
dinheiro não faz mais sentido, ainda mais quando isso reflete na falta de tempo
para a vida pessoal. Além do dinheiro é
preciso ter satisfação, é preciso ter um propósito.
E para encontrar essa satisfação,
antes de mais nada, entendo que devemos conhecer a nós mesmos, entender quais
são nossos pontos fortes, e aceitar aquilo em que não somos tão bons. E só
através do autoconhecimento é que teremos coragem para encarar o medo da
mudança, e escolher uma nova empresa alinhada aos nossos valores, ou
concretizar aquele velho sonho de empreender.
Exemplos dessas mudanças são empresas que
remodelam seus escritórios para criar um ambiente diferenciado para os seus
funcionários, como a Google, ou ainda o novo movimento dos Nômades Digitais, de
jovens que largam seus empregos tradicionais para trabalhar pela internet.
Existem alternativas, elas estão
por aí. O que temos que fazer é parar, entender nossas frustrações, entender no
que somos bons, as nossas paixões, aquilo que nos move, e criar coragem para partir
para outra.
2)
O modelo de empreendedorismo também está
mudando. E eu também estou.
Sim, é preciso empreender com
propósito. Porque unir forças para enfrentar desafios e encarar as dificuldades
de empreender, só faz sentido se essa empresa além de gerar dinheiro, também gere
um impacto positivo para sociedade. Temos que empreender usando as nossas
melhores habilidades, naquilo que somos apaixonados.
As startups nascem para solucionar problemas, problemas do coletivo,
problemas nascidos de crises econômicas. Foi assim que nasceu o Banco Pérola, pensando em resolver um problema da sociedade. Essa é a hora de empreender
pensando na comunidade, juntando forças com quem têm as mesmas paixões, e investindo
tempo e suor naquilo que acreditamos.
3)
O
surgimento da Colaboração. Até que enfim!
Os brasileiros culturalmente são
desconfiados. Essa desconfiança em relação ao outro é histórica, vem da época do
Brasil colônia, onde tudo e todos eram explorados, e sempre “passados para trás”.
Talvez por isso tenhamos tanta dificuldade em confiar em desconhecidos, ou
acreditar que eles possam nos ajudar.
Mas o movimento de colaboração
começou no mundo todo, e negócios colaborativos estão surgindo. É o caso do
Airbnb ou ainda do Couchsurfing. E os brasileiros, aos poucos, estão percebendo
que é possível articular redes de relacionamentos para atingir objetivos
comuns.
Temos que desenvolver essa
habilidade de trabalhar em rede, de escutar outras opiniões, de contar com a
habilidade do outro para o sucesso do nosso projeto. Oferecer nossas
habilidades, colaborar com projetos existentes e compartilhar experiências. Esse
é só o começo das redes colaborativas, muito mais está por vir.
4)
Estamos começando a entender o que é a
internet. E como ela pode nos ajudar.
Há pouco tempo li que apenas 10%
das pessoas que acessam a internet geram conteúdo para a rede. Isso ainda é
muito pouco! Existem milhões de pessoas conectadas, diariamente buscando
conteúdos em blogs e sites, ávidas por conteúdo de qualidade. Existe espaço
para criação, existe espaço para qualquer um, independente da sua popularidade,
produzir e criar conteúdo através da internet.
Exemplos disso são os videologs que se
tornaram muito populares, como o da Jout Jout, com milhares de seguidores. Ou até mesmo o texto do Gustavo, alcançando milhares
de pessoas em pouco tempo. Além dos blogs especializados, em viagens, moda,
beleza, futebol, entre outros, que dão dicas e ensinam muito sobre os temas.
Através da internet é possível
buscar inspiração, aprender com o outro, desenvolver habilidades, aprender com
inúmeros webnários e e-books gratuitos. Há espaço para todos, para aprender,
desenvolver e criar, temos apenas que dominar o nosso próprio espaço.
5)
A queda do consumismo. Que ele caia e
nunca mais se levante.
Do que adianta ter uma conta bancária
cheia de dinheiro se não há mais tempo para desfrutá-lo? Percebemos que
qualidade de vida está muito mais ligada ao tempo, do que ao consumo
desnecessário. Não precisamos do último modelo de carro ou celular, da última
roupa da moda, da refeição no mais luxuoso restaurante, de 20 pares de sapato,
mas precisamos de tempo para nos dedicarmos aquilo que gostamos, para cuidarmos
da nossa casa, dos nossos relacionamentos pessoais, da nossa alimentação e do
nosso corpo.
Redes de troca estão surgindo. É
possível trocar aquilo que não precisamos por algo realmente
necessário. É possível doar ou vender, e há muitas pessoas já fazendo isso.
Como no site Enjoei, um brechó on line que está fazendo muito sucesso.
Precisamos nos questionar o
quanto realmente necessitamos para viver bem. Temos que reavaliar gastos e
consumos básicos, identificar a origem dos gastos supérfluos. E parar com a
desculpa de “eu compro porque eu mereço, pelo meu trabalho duro”. Há de se
mudar esse sistema de recompensas, há de se mudar comportamento.
6)
Alimentação saudável e orgânica. O
cuidado com o corpo e com a alma.
Quantas vezes engolir qualquer
coisa que aparece pela frente, no intervalo de uma reunião ou outra é a melhor
opção? E de novo a desculpa de “eu mereço esse chocolatinho” é a mais usada por
nós. Quanto da nossa alimentação passou por algum processo industrial antes de
chegar na nossa boca?
Temos que, antes de tudo, ter
consciência do que estamos ingerindo, buscar informação nos rótulos e pesquisar
sobre uma alimentação mais saudável. E depois mudar hábitos alimentares, pouco
a pouco. A quantidade de açúcar, sal e gordura que ingerimos diariamente ainda
é muito alta, principalmente pela ingestão de produtos industrializados. Se
mudarmos a escolha dos alimentos que ingerimos, muita coisa muda. Melhoramos
nossa saúde, e na busca de alimentos com menos químicos nos aproximamos da
produção local, fomentamos esse comércio e fortalecemos nossa comunidade.
7)
Despertar da Espiritualidade. A
reconexão.
Na busca do autoconhecimento,
para entender nossos potenciais, para promover mudanças de vida, a
espiritualidade pode ser um caminho. Estamos tão desconexos do universo, do
nosso verdadeiro eu, que temos, de alguma forma reestabelecer essa conexão.
Seja através da meditação, de prática de yoga, ou de qualquer outra prática que
nos coloque em contato profundo com nosso corpo e mente.
Os ensinamentos budistas, por
exemplo, nos ensinam sobre desapego e sobre a efemeridade de tudo na vida. Isso
ajuda muito em um tempo de mudanças constantes. Com o despertar da
espiritualidade também se formam correntes do bem. A partir do momento que
estou melhor, eu faço melhor, e deixo o mundo melhor. A verdadeira mudança
começa dentro da gente.
8)
Movimento Descolarização. Não é só na
escola que se aprende.
Com a informação disponível em
alguns cliques, já não faz mais sentido ensinar com a metodologia de acúmulo
da informação, de “decoreba”, como era antigamente. A informação está
disponível, o que temos que aprender é utilizá-la da melhor forma, e formar
cidadãos que atuem para o bem comum, que pensem no coletivo e que aos poucos
também mudem a nossa economia.
Há como se desenvolver muitas
habilidades pela internet, como é o caso do Duolingo, que está mudando e
facilitando a maneira de aprender uma outra língua. Há como aprender sobre qualquer coisa, sobre
qualquer tema. Temos que explorar ainda mais essas alternativas de aprendizado,
e compartilhar informações e habilidades com a nossa rede. Isso sim, será uma
revolução!
9)
Sustentabilidade. (esse item inclui por
minha conta)
Estamos novamente nos aproximando
da natureza, procurando cada vez mais, ter contato com a terra e com a água. Estamos ficando mais conscientes em relação ao meio ambiente, as
fontes poluidoras, a geração de resíduo e ao impacto que isso gera para o mundo.
Isso muda a forma como os produtos são
fabricados e vendidos, como os edifícios são construídos, muda a economia.
Estamos mais conscientes sobre os
direitos humanos, estamos discutindo abertamente assuntos que há bem pouco
tempo eram muito polêmicos como a injustiça de gênero, de classes, da discriminação
contra homossexuais, negros e mulheres. Ainda são assuntos delicados, mas aos
poucos estão ganhando espaço na política e até nas instituições religiosas.
Muitas pessoas públicas estão se posicionando a respeito e inclusive marcas,
como o Boticário, deixando claro para o seu consumidor qual o seu
posicionamento. Isso muda tudo, muda o mercado, muda a forma de
relacionamentos, muda a nossa percepção sobre o mundo.
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