domingo, 27 de dezembro de 2015

Cidades - postado em 15/12/15

Cena 1: Esperando o ônibus, escuto um grito de uma senhora atrás de mim. Meu coração dispara. Viro em sua direção e identifico o ocorrido. Um passarinho tinha feito cocô no seu braço. Ela gritava de nojo. Sério??? O pobre passarinho, que se alimenta de matéria orgânica, deve ter ficado é com nojo dela, que estava em baixo do seu galho preferido.

Cena 2: Atravessando a rua, com meu vestido floreado e óculos de sol amarelo, uma mulher de dentro do carro grita em minha direção. Quase atingindo o outro lado da rua, volto para o canteiro do meio e me abaixo na sua janela pedindo pra ela repetir. "Moça", ela pergunta, "onde é a Lan House?" Ein? "Lan House moça, você sabe!" Sim, eu sei o que é uma Lan House mas não tenho ideia onde tem uma. Será que eu tenho cara de quem frequenta uma Lan House? Peço desculpas por não saber onde é e termino de atravessar a rua.

Cena 3: Já na outra parada de ônibus, escuto um grito no meu ouvido. "Moça!" Cheguei a dar um pulo. "Sua bolsa está aberta". Sim, faz 30.2 segundos que eu abri pra tirar meu celular. "Ah sim! Muito obrigada por me avisar!" Eu fecho a bolsa rápido e ela fica com uma cara de satisfação por ter me alertado de um perigo eminente...

Cidades: Onde passarinhos dão nojo, Lan Houses são ponto de referências e bolsas abertas são convites para um crime. 
Conclusão: Quero morar na Ferrugem!

A imigração - publicado em 23/7/15

Entreguei o passaporte para o oficial da imigração. Ele me olhou muito sério e repetiu meu nome com um forte sotaque:
- Marina?
-Yeah!
Respondi com aquela cara de quem pensa, "não, meu nome é Josefina, mas te entreguei um passaporte com outro nome só pra fazer uma gracinha".
Eu já tive muito medo desses processos de imigração, por experiências ruins do passado. Mas depois de tanto tempo atravessando fronteiras já consigo ficar relaxada e apenas curtir o momento.
- Quanto tempo você vai ficar por aqui?
Pensei, olhei pra baixo, pra cima e disse:
- Aaa, duas semanas, talvez..
Ele me olha com uma cara de quem não consegue entender como um turista não sabe quanto tempo vai ficar no país, e me pergunta com tom de exclamação:
- Mas há quanto tempo você está viajando?
- Aaaaa, dez meses.
De novo respondo sem muita certeza.
Ele vira pro lado, chama a colega que está atendendo um americano de meia idade e fala alguma coisa no idioma que não entendo.
Os dois começam a rir, e a falar várias coisas enquanto ele folheia meu passaporte e da uma olhada nos carimbos. A oficial olha pra mim e diz em inglês.
-Nossa, que legal! Você é muito sortuda. Quem sabe um dia ainda faço isso! Você teve que guardar muito dinheiro pra essa viagem?
A pergunta dela me pegou totalmente de surpresa. Na verdade eles estavam achando realmente legal o fato de eu estar viajando por tanto tempo.
Respondo que sim, afim de não prolongar mais o papo. Enquanto isso o oficial carimba o meu passaporte e responde sorrindo!
- Have a good time in Bali!
- Thanks!
E foi assim que eu passei pela imigração da Indonésia. Do jeito mais fácil e engraçado até hoje!
Tomara que o país esteja repleto de pessoas como esses dois oficiais da imigração!

A última história - publicado em 3/9/15

Cheguei no aeroporto de Madri e queria beber uma cerveja. A cerveja custava $2,55, mas eu só tinha $2,40. Precisava de $0,15 pra conseguir comprar a cerveja e gastar todas as minhas moedas. (Não que eu não tivesse mais dinheiro, eu tinha, mas eu queria mesmo gastar as moedas). Lembrei do meu tempo de escola, quando eu não tinha dinheiro suficiente pra comprar meu lanche, e procurava moedas no chão até completar quanto eu precisava.
Resolvi usar a mesma estratégia. Sai procurando pelo aeroporto uma moeda perdida. Procurei, procurei e procurei, e conclui que o pessoal da limpeza devia ser muito ágil, porque não havia nem migalha no chão, quem dirá moedas.
Aí, quase desistindo da cerveja, resolvi que gastaria as moedas em uma das centenas máquina de guloseimas. Fiquei olhando pra máquina, pensando no que poderia comprar. Não queria nada, queria a cerveja. Olhei pro chão e vi uma moeda de um centavo. Não servia para coisa nenhuma, mas lembrei do que minha mãe sempre dizia. "Não devemos nunca deixar moedas no chão!", deve dar azar, pensei. Peguei a moeda e estava indo embora, mas antes resolvi dar uma olhada no lugar do troco na máquina! Vai que alguém esqueceu alguma coisa...Eis que havia $ 0,40, esperando por mim! 😄
Não comprei nada na máquina, comprei minha cerveja, dei o troco para o garçom! Dei risada, e agradeci ao universo pela boa sorte que me acompanhou durante toda essa viagem! 
Hahhahaha, obrigada!