Agora tem sido assim. Uma notícia de um crime, ou uma
notícia sobre a baixa popularidade da Dilma, um texto difamando o país e
constatando que não há solução a não ser abandoná-lo.
Parece que virou moda falar mal sobre o país, criticá-lo, e
apontar como solução para todos os problemas a mudança para o exterior. O Exterior
sabe? Aquele lugar onde tudo é lindo, funciona, é seguro, tem pessoas
sorridentes andando pelas ruas, e é claro, é bem melhor que no Brasil. Esse paisinho
de terceiro mundo onde só se fala sobre futebol e se espera o ano todo pelo
Carnaval. Ai, esses Brasileiros de mentalidade atrasada, não sabem o que é uma
vida boa num país desenvolvido.
Hoje ao terminar de ler um desses textos percebi como
prepotente pode ser esse pensamento. Como é fácil colocar a culpa em uma nação
inteira pelos problemas que temos em nossas vidas. O trabalho está ruim, estamos
insatisfeitos com a monotonia do emprego seguro, estamos cansados dos nossos
amigos, estamos desgastados com as nossas relações familiares, de saco cheio da
nossa cidade e assim achamos que a culpa de tudo isso só pode ser desse país, e
da gente que vive nele. Melhor fazer as malas e sair daqui enquanto há tempo!
Eu fiz isso. Fiz as malas e sai do meu emprego, me afastei
da minha cidade e dos meus amigos. Estava esgotada, insatisfeita, queria mudar,
precisava sair. Mas não precisava sair porque o meu país era uma droga. Eu
precisava mudar porque EU precisava melhorar, rever algumas atitudes, ter novas
perspectivas, novas experiências, essas que só temos quando atravessamos
fronteiras. O problema era meu e não de uma nação inteira.
Nessa viagem já passei por 23 países e mais de 80 cidades. Em
todas elas imaginei como seria morar ali pela vida inteira. Como seria
envelhecer naquele país, ter uma família, novos amigos um novo emprego. E
muitas pareceram um lugar bom pra ficar e morar. Facilmente posso me imaginar
morando em Sydney, em Barcelona, e até na Cidade do México. Posso imaginar a
linda vida que teria lá, com um emprego que às vezes me faria feliz, às vezes
não, com uma casa confortável, não tanto como sonhei, mas aconchegante como eu
gostaria, com amigos ao meu lado, correndo alguns riscos, não tendo dinheiro
pra tudo o que gostaria de fazer, mas tendo uma vida saudável e feliz.
Acontece, que exatamente essa mesma vida, nesse mesmo
desenho de uma família feliz, numa vida saudável e segura, também é possível no
Brasil. Assim como conheço pessoas que estão insatisfeitas com suas realidades
no Brasil, conheço outras tantas que estão muito felizes vivendo a vida que
elas sempre sonharam. É claro que sempre haverá problemas com as cidades, assim
como há problemas em Sydney, Barcelona, Tóquio ou Nova York (Ou será que há
gente que acredita que corrupção, assaltos, trânsito e poluição só existem no
Brasil?). Mas esses mesmos problemas são incapazes de destruir o sonho daqueles
que realmente acreditam, se esforçam pra fazer seus dias melhores, e ajudam a transformar
o país num lugar melhor.
Isso tudo pode soar utópico, e infantil, mas eu realmente
acredito que no nosso país há muito mais gente boa do que ruim. Que há muita
gente por aí fazendo a diferença, também insatisfeita com as injustiças, mas levantando
de suas camas todos os dias decididos a mudar um pouquinho de suas realidades.
Eu acredito que o país do futebol, também é o país do trabalho em equipe, onde
as pessoas são solidárias, receptivas, guerreiras, trabalhadoras e honestas.
Pode acreditar, gente insatisfeita têm em todo o lugar! Até
na mais segura das cidades, na mais paradisíaca praia, na casa mais confortável,
e na cidade mais cheia de opções de lazer. Para algumas pessoas a satisfação
pode estar mesmo em uma cidade como Tóquio ou em uma ilha no Mar do Caribe
(talvez eu até seja uma delas). Tudo bem, que essas pessoas façam suas malas e
mudem-se. O que não podemos é generalizar e culpar uma nação inteira pelos
nossos problemas e achar que todos as nossas frustações resolverão-se fugindo
do país Tupiniquim.
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