Um dia olhei pras minhas unhas muito bem pintadas de
vermelho e pensei: como será olhar pras minhas unhas daqui uns meses? Será que
vou ser obrigada a fazer um curso on line de manicure, ou daqui um ano elas estarão tomadas de cutículas e tão quebradiças que eu nem mesmo vou conseguir
olhar pra elas?
Eu faço (ou fazia até bem pouco tempo atrás) às unhas toda a
semana na manicure. É um hábito que criei. Não sou extremamente vaidosa, nunca
liguei muito pros padrões de beleza, mas as unhas estão sempre bem cuidadas...mas e agora? Agora não terei mais as unhas pintadas de vermelho.
A primeira pessoa que pensei foi na Juju, que é uma exímia
manicure! Ela poderia realizar um trabalho comunitário no Camboja e suas
unhas continuariam impecáveis. Eu não, vou ter que me virar com uma tesourinha de
unha e uma lixa, que é tudo que sei usar.
Mas as unhas são só um reflexo dessa vida mais simples.
Nessa vida nova não haverá espaço pra pensar nas unhas vermelhas, na mesma
roupa que usarei todos os dias, no conforto do meu travesseiro, na praticidade
de ter tudo por perto na hora que desejar. E pensar nisso tudo não me deixa nem
um pouco triste, muito pelo contrário, quando imagino minhas unhas curtinhas penso
em todas as coisas que perderei para ganhar outras que me farão ainda mais
feliz.
É claro que não da pra prever tudo e ter certeza de como será
daqui pra frente, mas até essa incerteza é prazerosa. Não saber se a viagem vai
realmente levar um ano, se vai tomar o rumo que eu imaginei, se as minhas unhas
estarão vermelhas, brancas ou pretas de terra. Todas essas incertezas trazem
alegrias e deixam um sorriso estampado no rosto.
Pelo menos ainda tenho a chance de encontrar a Juju em
alguma parte da viagem e tentar convencê-la de pintar as minhas unhas de
rosinha!
Em uma viagem à Paraty, quando até as unhas do pé eram pintadas de vermelho. |
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