quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Papas a la francesa- México!

Era um domingo de sol na Cidade do México, e eu e a Ana decidimos almoçar num lugar bacana em um bairro "cool". Estávamos em frente ao museu infantil projetado pelo Barragán, no Parque Chapultepec, que eu havia insistido em conhecer mas que não tinha nada demais, quando decidimos pegar um táxi. Afinal estávamos com fome, e apesar de usarmos bastante o sistema público de transporte, que funciona muito bem, achamos que era mais conveniente ir de táxi dessa vez.
 
É interessante como a noção do que é caro e barato, quando troco de moeda, demora pra acontecer. No início converto tudo pra Real e comparo com os preços do Brasil, ou melhor, de São Paulo (tudo é mais barato que São Paulo) e depois de uns dias, que já sei quanto custa uma água, um almoço, e uma corrida de táxi, sei o que é caro e barato sem precisar converter.
 
Nesse dia o táxista "deu uma de esperto" e cobrou o dobro. Como era o nosso segundo dia pela cidade nem notamos, afinal era mais barato do que em São Paulo. Péssimo parâmetro!
 
Acho que uma das coisas que mais gostei no México foram dos Mexicanos. Todos bem humorados, simpáticos, cheio de histórias pra contar, e mesmo esse taxista esperto foi uma simpatia. Conversou o caminho todo, nos encheu de dicas, contou inúmeras histórias sobre o país e seus problemas sociais. Sobre os problemas, aparentemente, o país não está passando por um bom momento. Segundo um Mexicano que conhecemos em Cozumel, há uma onda de seqüestros e violência regida pelas milícias que dominam certas regiões do país.
 
Logo nos primeiros dias pela cidade nos deparamos com uma enorme manifestação, no centro da cidade, sobre o caso de Ayotzinapa.
No último dia 26 de setembro, na cidade de Iguala, no distrito de Guerrero,  49 jovens estudantes foram seqüestrados, durante um protesto, e simplesmente sumiram. Quando ficamos sabendo da notícia, fiquei curiosa e fui buscar mais informações sobre o que havia acontecido, e para a minha surpresa, e total espanto, não havia mais informações. Ninguém sabia o que de fato tinha ocorrido, quem era responsável pelo sequestro, o que os jovens estavam fazendo reunidos na noite em que desapareceram... Apenas especulações. Talvez especulações que poucos tenham coragem de divulgar, pois o que afirmam é que a polícia local havia entregue os 49 jovens da oposição, aos narcotraficantes. Os cartéis são tão poderosos nesse estado que estão infiltrados no governo e na polícia, e parecem estar acima de qualquer lei. Confesso que fiquei chocada!
 
Quando chegamos à Oaxaca, uma cidade colonial, linda e charmosa, conhecida por sua gastronomia (tivemos um jantar maravilhoso por lá), haviam muitas pessoas acampadas no Zocálo, a principal praça da cidade, em protesto aos desaparecimentos.
 
O México é um país grande em território, tem mais de 22 milhões de pessoas vivendo só na Cidade do México, ou DF, como referem-se por aqui, e guarda muitas hostórias, desde as civilizações pré-hispânicas, dos Maias, Olmecas e, Salpotecas, até a história moderna de conflitos políticos e econômicos. 
 
A, e tem também a Frida Kahlo e o Diego Rivera, que são uma história à parte, cheia de amor, de arte, de cultura, uma história fascinante que nos transporta para um México diferente, e pela qual me apaixonei.
 
Não é a toa que a Cidade do México é fascinante! Por sua arquitetura muito bem conservada, por seus inúmeros museus, além de seus parques e áreas verdes. Fiquei encantada com as ruas da cidade, com as cores, com a comida, com os deliciosos tacos, tostadas, enchiladas, concluí que poderia viver nessa cidade por um bom tempo e tentar desvendar os segredos desse país!
 
Depois da Cidade do México ainda fomos conhecer Puerto Escondido, uma cidade de praia no Pacífico, conhecido por suas ondas perfeitas para o surf. Um lugar tranquilo e bonito, ótimo para relaxar. De lá pegamos um ônibus e viajamos durante 7 horas até chegar em Oaxaca, a cidade da maravilhosa gastronomia, com mercados e restaurantes.
 
Aaa, sim, voltando a história do almoço. Chegamos no bairro
"cool" e demoramos um pouco para achar um restaurante que nos agradasse e que coubesse no meu orçamento. Mas quando conseguimos sentar em um, com mesinhas na calçada, em um lugar super agradável, estávamos morrendo de fome. Pedimos as enchiladas com molho de tomate verde, que havia sido recomendação do taxista esperto, e resolvemos também experimentar algo novo no cardápio.
- Que tal essas papas a lá francesa?
- Mmmm deve ser interessante né?
- Deve ser uma batata rústica, ou com um molho... Vamos pedir!
Quando o garçom apareceu trazendo batatas fritas, a Ana logo percebeu, e com uma cara de que havia matado a charada, um pouco decepcionada, disse olhando pro garçom:
-aaaaa, papas a la francesa, french fries! 
E o garçom nos olhou com uma cara de quem diz: claro né, suas bestas! Caímos na risada e devoramos as batatas mesmo assim! Foi um ótimo almoço, em ótima companhia, num lindo domingo de sol.

Enchiladas Verdes
Puerto Escondido
 
Manifestação em Cidade do México
 

Um comentário:

  1. Eu já estou adorando o México!! Muito lindas tuas descrições!
    Beijos da Mamãe

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